Sempre quis ter dezesseis anos. Até umas semanas atrás queria que esse dia nunca chegasse. Não queria abandonar essa veste, mesmo sabendo que era hora de usar algo que melhor me sirva. Acho que não tinha dado ouvido antes ao que agora me deixou muito feliz. Mas, há pouco tempo disseram-me que dezessete é a idade. E isso ecoou. Perguntei a todos os meus amigos que têm dezessete como eles sentiam-se. Ninguém reclamou. Alguns disseram que é como dezesseis, ou quinze, mas os que conseguiram achar alguma coisa diferente nessa idade viram que tem sim tudo para ser maravilhosa. Consultei a literatura brasileira. E até um senhor Casmurro de cara e coração fechados deleitou-se ao falar-me “Um dos sacrifícios que faço a esta dura necessidade é a análise das minhas emoções dos dezessete anos. Não sei se alguma vez tiveste dezessete anos. Se sim, deves saber que é a idade em que a metade do homem e a metade do menino formam um só curioso. Eu era um curiosíssimo (...)”. Espantei-me com a declaração. Ouvi um rapaz rebelde, ariano como eu, cantar uma declaração exagerada “17 anos de vida/ eu também tive/ ah eu tô perdido/ do joelho até o umbigo/ tudo é perigo”.
Por fim, quando agora eu tenho estes benditos dezessete anos, acho que valeu a pena apenas tê-los, sem segundas intenções. ou usá-los como desculpa para bancar a Natasha e ‘fugir de casa, às sete horas da manhã do dia errado, levar na bolsa umas mentiras pra contar, deixar pra trás os pais e o namorado.’ (brincadeira, amor.)
Isabela Moraes
18/04/2011
18/04/2011