sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Com você

Acho que ás vezes, você se decepciona comigo porque eu estou sempre esperando pelo momento em que você vai me deixar. Não fique triste. Eu acredito em você, e no que estamos vivendo agora. Acredito de verdade que podemos fazer disso uma coisa muito boa. Mas sempre há obstáculos à frente do belo horizonte. Eu não acredito no “tudo bem”. A vida sempre me deixou a impressão de que alguma coisa ia dar errado para “compensar” o que se tem de bom. Tenho provas. Você bem sabe. Então, não vou mais te subestimar, mas apenas não espere que eu seja otimista. Não me peça para levar na boa, eu vou continuar tremendo de medo de que a vida dê o bote no nosso amor e desfaça tudo que estamos tentando construir. Tenho medo de que uma avalanche leve tudo embora caso eu abaixe a guarda. Então, vou continuar consciente de que todas as complicações e obstáculos e dificuldades podem te levar pra longe de mim, mesmo que você queira ficar perto. Eu sei que você não vai desistir, e eu também não. Podemos apenas encarar esse abismo, cheio de pedras, juntos. Passar por cima de todos os obstáculos, um a um, juntos. Eu sei que assim eu consigo. Por mais tortuoso que seja o caminho, de mãos dadas tudo fica mais fácil. Com seu abraço, eu amanso meu medo. Com você, eu consigo ver o sol sorrindo depois de todas as tempestades.

Isabela Moraes
27/08/2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Mal-amado

Nunca me importei muito em atribuir a culpa dos acontecimentos da minha vida a alguém. Não consigo personificar a culpa e entregá-la ao seu dono. Não tenho vocação para ficar medindo e julgando e apontando. Por isso, não culpo ninguém pelas minhas (muitas) decepções. São coisas da vida. Mas algumas vezes me detenho examinando certos casos, que marcaram pela intensidade ou que tinham tudo para dar certo e não deram. Não importa o quanto re-examino as cenas, não encontro nenhum sinal de que tudo estava com os dias contados, ou se encontro, não é nada que possa apontar pra tragédia em que se transformou. Mas agora, enxerguei algo em comum entre esses meus desastres românticos. Algo que realmente, só eu podia ter notado, e nunca notei. Era o sinal de alerta que eu devia ter ouvido, mas para o qual me fiz de surda, sempre me ignorando.
Todas as vezes, era um amor muito mal-amado. Desenfreado, ou pouco amado, ou rejeitado, enganado, equivocado. Não conseguia demonstrar, ou reprimia, ou não era correspondido, ou confundia uma amizade muito óbvia e a travestia em amor. Era um sentimento que eu não sabia sentir, e que acabava não sabendo viver nem por na relação. E na verdade, eu nunca quis viver uma relação. Tinha medo do final feliz. De ser um casal. De ter alguém pra quem eu sempre pudesse voltar. Então, mandava todos embora. Descobri que é tudo um aprendizado. Tenho muito que aprender, fui reprovada vezes demais nesse mesmo teste.

Isabela Moraes
22/08/2010

sábado, 14 de agosto de 2010

Broken

Outra noite mal dormida, outra palavra reprimida, outra angústia sentida, outro enjôo. Tudo gira, parado, abafado, garganta seca, olhos ansiosos, mãos trêmulas. Minha língua quer manter essas palavras escondidas, meu corpo inteiro quer mostrá-las. Estou vagando pelo caminho, voltando pra casa, tentando esmagar as paixões que carrego comigo. Estou de luto, e luto. Quebro tudo e depois pedaços ao chão, me reconstruo, e faço dos meus cacos a base da minha esperança de aprender a nunca mais me partir, mas eu sei que sou eu mesma que me quebro, me saboto, me consumo, me devoro, e não deixo sobrar nenhum sentimento. A paixão me preenche e então me esvazio. Dopada pelo fascínio, só me dou conta do abismo quando me arremesso dele e sinto o vento frio contra o meu rosto. Já não há muito a fazer. Fecho os olhos e espero dor, sei que ela vai chegar, e de alguma maneira que não sei explicar, quando chega me acalma. É mais difícil a espera do que agüentar a própria dor. E quando a dor passa, sinto as feridas se fechando, e já me acostumei com a textura das cicatrizes. Só me resta levantar e reaprender a andar sob o céu, sóbria. Sozinha.

Isabela Moraes
10/08/2010

domingo, 8 de agosto de 2010

Amanhecer no teu olhar

Acordei lentamente. Achei que era um sonho, mas me dei conta de que você era real, ao meu lado, com o corpo colado ao meu e o rosto rosado. Foi uma manhã feliz, muito mais do que a noite havia sido. Levantei da cama cautelosamente, não queria te acordar. Fiz um café, peguei minha caneca, sentei na poltrona e sob a luz fraca que passava através da cortina e apenas apreciei aquele momento. Queria fotografá-lo, mas perderia toda a magia. Fiz minhas preces para que minha memória nunca perdesse essa fração de momento feliz. Escorreguei de volta até de baixo dos lençóis. Pousei minha mão por entre seus cabelos. Teus olhos escuros e sonolentos, se abriram e dançaram pra ver todo o quarto. Teu rosto se voltou pra mim e teus lábios me deram um beijo demorado. Passamos a manhã nos olhando sem falar muito, não havia qualquer coisa importante para ser dita. Precisávamos apenas daquela manhã por algumas horas, precisávamos apenas nos recolher à nossa solidão a dois. Eu e você. Você foi embora. Mas eu sabia que aquele momento seria eterno.

Isabela Moraes
18/07/2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Só por uma noite

Já havia algum tempo que estávamos nos entreolhando de longe. Era tudo tão confuso e escuro. As luzes piscavam, as pessoas se mexiam. Ela me puxou pela mão e me levou pra outro lugar. Parou de repente e se colocou à minha frente. Sussurrou qualquer coisa no meu ouvido. Não me importava muito. De alguma maneira gostava dela e sabia que não me faria nenhum mal. Nossos corpos ferviam e não se desgrudavam mesmo fazendo todos aqueles movimentos, nossas mãos corriam, nossas mentes flutuavam. Aquele momento era tudo que tínhamos, não tínhamos futuro, abandonamos o passado. Não significávamos muito. Apenas nos permitíamos sentir o que nos fosse oferecido e proporcionado. Éramos passionais. Cegamente sendo levadas por emoções efêmeras e intensas. Facilmente influenciadas pelos sentidos. Talvez por isso, tenha sido seu cheiro, sua roupa atraente, seu olhar raso, seu corpo vibrante, algo físico, que tenha me levado a querer sentir sua alma densa e solitária. Como se algo na beira da praia me fizesse mergulhar e nadar até o fundo do mar sombrio numa noite de névoa. E agora não sei nada. Nem seu nome. Só tenho minha roupa suada e a lembrança do teu corpo nu preso ao meu, a sua forma sobre os lençóis amarrotados. Seus passos enquanto você ia embora.

Isabela Moraes
17/07/2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Não faça isso, Ph.

Eu não sou culpada pelas minhas escolhas, sou responsável por elas. Escolhi pôr o amor que nós tínhamos no canto, deixá-lo calado, abafado. Mas você está destruindo tudo. Está transformando tudo que eram lembranças razoavelmente boas (até nossas brigas foram um aprendizado afinal, não é?!) em lixo, em ódio, rancor. Você está pisando em tudo. Eu congelei aquela imagem da amizade e de tudo mais que tivemos, e você está se esforçando para substituir isso por algo ruim. Você está vomitando todo rancor que tem guardado, toda a sua visão turva sobre o passado em cima do que eu ainda tento guardar de bonito. Não faça isso. Eu quero ter algo bom sobre você para lembrar quando eu estiver mais velha, quando tudo isso passar. Despeje seu ódio em mim, mas não no que nós tivemos. Não me force a fingir que você nunca existiu pra mim. Me deixe quieta com o que tenho. Lembre das coisas boas, você disse que elas é que deviam ser lembradas, mas você só está vendo os nossos erros.

Isabela Moraes
03/08/2010

Acho que você esqueceu, Ph.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

It's a long way

Estava sentada, esperando que a resposta viesse até mim, do nada, do vazio, do meu choro. Até que você chegou e me puxou pela mão, e me mostrou você, e seu coração intacto, por onde nenhuma paixão passou antes, destruindo a beleza da inocência de quem ama. Mas você disse palavras duras, e eu não sei como superar isso. Não posso apenas fingir que está tudo bem. Tenho que resolver tudo, responder às perguntas, reconhecer as coisas que quero. Você está no meio disso tudo, e eu sinto como se estivesse te sugando para o meu mundo bagunçado. Me sinto culpada, porque podia te poupar disso. Talvez, se eu me calasse por um instante, se parasse para ouvir meus próprios pensamentos, meu coração batendo, talvez assim eu descubra alguma coisa. Não sei se você vai estar lá quando eu encontrar o que procuro. Talvez eu procure você. Mas por enquanto estou taciturna. Estou numa jornada um tanto intensa, de onde não sei se sairei ilesa ou sã. Mas estou aqui, não vou desistir. Tente suportar um pouco a ansiedade, vamos com calma, uma coisa de cada vez. Eu sei que suporto qualquer coisa se você estiver ao meu lado, feliz. Mas se eu te fizer chorar, me abandone sozinha, me deixe então. Porque eu não quero te causar nenhuma dor, nenhum sofrimento, nenhum despontamento. Quero ser a lembrança mais doce que você vai ter quando envelhecer. Quero ser ao menos desta vez uma boa garota pra você.


Isabela Moraes
02/08/2010

Escolha

Não fomos feitos um para o outro. Disso estou certa, apesar de já ter pensado na possibilidade, hoje sei que não. Também estou c...