Eis me aqui. Outro novembro com suas dores e sentimentos dilacerados. Nada resiste a estes temporais primaveris, mas nada morre, nada finda. Perdura no ar uma sensação de angústia, melancolia. Me jogo moribunda na cama outra vez para admirar o teto e suas rachaduras abstratas. Na minha inquietude, leio um livro, escrevo, entristeço com uma canção, me viro nos lençóis, eu não vou dormir. Se dormir, não vou sonhar, não vou descansar. Mal consigo pensar. O meu passado vem como uma sombra se arrastando, dissimulando e devorando o presente. Sabotando o que tento construir para um futuro que finjo existir. Pergunto ao travesseiro o que será de nós quando chegarmos aonde queremos. Diz a canção:
There were ghosts in the eyes of all the boys you sent away, e o fantasma sou eu. Eu mesma me assombro e faço questão de dar fim ao que comecei usando a desculpa de fugir do fracasso. Neste mês especialmente, faço questão de fugir de mim mesma, me perder a cada esquina, voltar chorando para casa, correr até as pernas ficarem bambas e eu tropeçar sobre mim mesma. Caio sobre meus erros, esfolo meu corpo inteiro e me assisto sangrar como quem vê um rio que corre. A dramaturgia aflora em novembro e eu a visto de ironia. O romantismo se torna gótico e sombrio. E na sombra me escondo. E sonho admirando um feixe de luz que transpassa a cortina. Queria ser minha e então poder ser de alguém. O prisma reflete toda a confusão. O trapézio balança eternamente. Quanto mais tento me equilibrar mais perco o equilíbrio. Ainda não estou sob a luz.
Isabela Moraes
21/11/10
'Cause nothing lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold november rain
(...)
So nevermind the darkness
We still can find a way
'Cause nothing lasts forever
Even cold november rain
♫ November Rain - Guns N' Roses