quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entre culpa e alívio

Há qualquer coisa que me faz sofrer ao ver nossa distância. Você parece assustado, sozinho. Me olha como se eu fosse um monstro, ou talvez eu realmente seja um monstro e esteja vendo o meu reflexo nos seus olhos fundos de mágoa.
Enquanto você não dorme, eu tenho pesadelos. E vozes gritam como gralhas, repetindo as coisas que me atormentam quando eu acordo.

Isabela Moraes
19/10/2010

 "Não, não dê mais tantas voltas, não.
Se chicoteia assim por qualquer perdão.
Todo esse teatro não impressiona
Por maior que seja sua recompensa
Não se importe tanto assim
Com sua imagem decadente enfim.
Nada adianta depois se lamentar
Por menor que seja sua displicência.
(...)
Sem ameaças ensaiadas na frente do espelho.
O caminho mais fácil nem sempre é melhor que o da dor.
Dê uma chance pra vida te mostrar
Um jeito menos doloroso de se despedir."
Lama - Luxúria

domingo, 17 de outubro de 2010

Fraternidade

Na correria do dia-a-dia
Morre uma avó,
Casa-se uma tia
Vive-se tudo sem dó

Família não mais unida
Vai saindo cada um bem cedo
Cada um com sua própria vida
Encarando a solidão sem medo

E basta um assunto banal
O papo bom vira discussão
A conversa sempre se converte mal
E de nada adianta tentar a pacificação

A rotina vai desfazendo os laços
Em algum lugar do passado, perdido
Ficou aquele carinho, o calor do abraço
Agora a convivência já não faz mais sentido

Todas as noites rezo, creio sem ver
Pra que minha esperança não seja vã
Porque teu afeto não quero perder
Quero nosso amor de infância eterno, irmã.

Isabela Moraes
02/05/2010

parabéns, minha libriana.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Solidão a dois

O que me domina agora é uma sensação estranha, uma agonia que eu geralmente sinto quando tenho de encarar alguma escolha errada que eu fiz. Então, eu fico analisando minuciosamente o que nos tornamos para ver se foi mais um enganos ter escolhido você. E talvez, o meu erro tenha sido acionar a bomba que eu não vi, mas sabia que explodiria quando não restasse mais a minha displicência e eu tivesse que ficar só com você e sua cegueira. Você parece não enxergar as coisas que eu escrevo na areia e aponto para que você leia, e me leia, me compreenda. Antes, apreciava sua companhia e a batida do seu coração no silêncio que ficava entre nós. Agora, ao seu lado eu me sinto incrivelmente solitária. Eu sei que devia ter alguém aqui, alguém eu pudesse sentir até nos ossos, alguém que assobiasse canções que eu ouviria dormindo, que falasse qualquer coisa que ecoasse na minha alma. Mas não tem ninguém. E essa ausência fica evidente quando você está aqui. Eu devia te sentir e não sinto. Estamos apenas nos perdendo, caminhando juntos para afundar de vez com qualquer coisa boa que resta entre nós.

Isabela Moraes
14/10/2010
"Don't know what I want
But I know that it's not you
Keep pushing and pulling me down
But I know in my heart that is not you"
Paramore - I Caught Myself

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ode

Ah, se tu soubesses que meus olhos ficam vendo no escuro teus olhos pequenos e negros como duas jabuticabas. Nesses  momentos me esqueço de quando eles se tornam tão intimidadores sob tuas sobrancelhas arqueadas, assumindo  formas confusas, ora de exclamação assustadora, ora de interrogação opressora. Fico vendo teus cabelos soltos, caindo  sobre teu rosto miúdo. Vejo a ti, pequena. Toda vez que me deito em minha cama vazia e fria. Passo noites  procurando qualquer coisa mais viva que teu sorriso. E não acho. Despacho-te pra longe de mim. Passa sábado,  domingo, segunda, terça. Quarta acordo cedo, visto o uniforme rápido, tomo café, encosto a cabeça na janela do  ônibus, penso nisso e naquilo, chego à escola, sento no banco, nove e pouca, lá vem você. Falas, escuto. Reclamas, calo.  Falo pouco e tu comentas. Persuade-me, eu observo apenas, assumindo minha posição de estátua que está ali apenas  para absorver cada sopro quente que sai de tua boca rápida e inquieta. Teus dedos brincam com teus cabelos, numa  dança inconsciente e doce. Tuas mãos percorrem mil e um caminhos e voltam a descansar sobre tuas coxas. Tua boca  brinca, certas vezes, de pique-pega com minha nuca. Eu finjo não notar, e nego até a morte que queira conceder a  minha boca alguma dessas brincadeiras. E continuo a impedir que faça seja lá o que pretendes (ou tentas) fazer. Entro  numa dança constante com tuas palavras, ações, teus jogos. Coloco em jogo minhas emoções mais cruas, meus  sentimentos mais primitivos, e com a convivência, amadureço minhas idéias. E depois de refletir sobre meus erros,  meus acertos, seus conselhos, nossas conversas de quarta-feira, e tudo mais, escrevo, sem titubear, esta ode a ti e ao teu cabelo vermelho-desbotado.

Isabela Moraes
06/10/2010

para minha aresta favorita.
obrigada pela paciência.

sábado, 2 de outubro de 2010

Que a chuva caia


Fico aqui, desejando chuva, para limpar tudo, lavar minha alma, sujar minha cara. Ansiando que algo venha e leve embora meus pecados, lavados com o suor sujo dos momentos em que não me controlo e transbordo ardendo de desejo, tropeço e caio na lama dos meus pensamentos. Preciso de algo que derrame qualquer coisa nova sobre mim, para me fazer chorar, colocando para fora as mágoas passadas que não querem me abandonar.
Sinto falta das gotas nas folhas das árvores sob as quais me escondo. Sinto falta daquele silêncio abafado que paira no ar, que permanece enquanto respiramos ofegantes tentando correr contra o tempo e contra a chuva que sabemos que cairá sobre nossas cabeças vazias. Abro a janela tantas vezes durante a noite, querendo ver se alguma gota caiu do céu, mas é só o vento fazendo barulho para me manter acordada. Sinto o ar seco entrando nos meus pulmões como terra, sinto o calor salgado do sol. E é sempre quando sinto essa saudade de algo, que percebo o quanto gosto da sensação que me proporciona. Chuva é sinal de renovação, de reinicio de ciclos, de vida que nasce do que era seco.
Queria um temporal, para me dissolver. Para me encharcar, me fazer chuva e me levar até você.



Muitas perguntas
Que afundas de respostas
Não afastam minhas dúvidas
Me afogo longe de mim
Não me salvo
Porque não me acho
Não me acalmo
Porque não me vejo
Percebo até
Mas desaconselho...
Espero a chuva cair
Na minha casa, no meu rosto
Nas minhas costas largas

Enquanto durmo - Zélia Duncan

Ainda bem que choveu.

Isabela Moraes
18/08/2010

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

'Cause I'll keep singing this lie if you'll keep believing it ♪




Joke me something awful just like kisses on the necks of "best friends"
We're the kids who feel like dead ends
And I want to be known for my hits, not just my misses
I took a shot and didn't even come close
At trust and love and hope
And the poets are just kids who didn't make it
And never had it at all
And the record won't stop skipping
And the lies just won't stop slipping
And besides my reputation's on the line
We can fake it for the airwaves
Force our smiles, baby, half dead
From comparing myself to everyone else around me
Please put the doctor on the phone 'cause I'm not making any sense
Blame everyone but me for this mess
And my back has been breaking from this heavy heart
We never seemed so far
I'm hopelessly hopeful, you're just hopeless enough
But we never had it at all
And the record won't stop skipping
And the lies just won't stop slipping
And besides my reputation's on the line
We can fake it for the airwaves
Force our smiles, baby, half dead
From comparing myself to everyone else around me
to everyone else around me
everyone else around me
everyone else around me
Fall Out Boy - I've Got A Dark Alley And A Bad Idea That Says You Should Shut Your Mouth


-
Fall Out Boy é minha banda preferida, apesar do meu amor por várias outras. Talvez porque eles sempre tiveram em música as coisas que acontecem comigo. Perfeitamente colocado e descrito. Então, "I hope you sing along and you steal a line.".  Ah, o link da tradução:  I've Got a Dark Alley and a Bad Idea that says You Should Shut Your Mouth (tradução)

"The best part of 'believe' is the 'lie' "

Escolha

Não fomos feitos um para o outro. Disso estou certa, apesar de já ter pensado na possibilidade, hoje sei que não. Também estou c...