Tinha que ser dito antes
Isto que é tão inquietante
Tudo que em ti vejo tão charmoso
E que fez efêmero o meu gozo
Não sabes o quanto entristeço
Quando vejo que me resta tão pouco apreço
E nas rezas e ladainhas me pego
E me calo só pra não inflar teu ego
Agora o erro que deixei de cometer
Tornou-se um falso enredo pra tecer
E tudo no meu corpo que foi seu
Transformou-se no cadáver que o bicho comeu
Olhe pra frente e veja, minha querida
O quão bela ainda é esta vida
Me encontro debruçada sobre o mar
Inerte, vendo você me deixar
Mas há agora a calma da espera
Darei sozinha a volta na esfera
E de mãos dadas com o destino
Vou dando ao que é pedra um toque fino
Tantas vezes amei sem notar
A real sentença do culpado por amar
A estaca cravada no peito, rasgando
E uma ferida latejante sangrando
Acabou o sonho, o feijão, o pão
E a história penosa desse coração
Que vai, sem esperança, esvaindo-se
E de outros amores omitindo-se
Isabela Moraes
29/03/2010
29/03/2010