terça-feira, 13 de agosto de 2013

Renascer

Houve um tempo de primavera em minha vida. Tudo ficou bonito, tudo era mágico e perfeito, as borboletas vinham ao amanhecer me trazer sorrisos e um sentimento de felicidade renovadora, sentia que o mundo era um lugar bom, e que  eu tinha um lugar pra ser feliz como num conto de fadas. Um dia  acordei com o barulho de um raio  e olhei pela janela procurando ver como estavam as flores, sem que eu notasse, o tempo passou, havia folhas secas cobrindo os arbustos ressecados pelo sol e as flores haviam morrido sem nem mesmo desabrochar . Fora-se embora o verão inteiro, veio o outono, e passou, já era o inverno se instalando e eu apenas consegui ver pela minha janela o jardim perfeito, e como parecia estar perfeito, achava que ficaria tudo bem, me descuidei, não notei as tempestades, nem os dias de sol que castigaram minhas flores. Da minha janela tudo era perfeito. Eu nem sequer via os carros passando na rua e jogando sua poluição sobre as delicadas pétalas que eu havia cultivado , e amado, e cuidado.
Eu chorei aquele inverno e saí para regar o jardim com minhas lágrimas. Não podia viver com aquelas árvores nuas e secas. Seus galhos pontudos arranhavam meu rosto e misturavam minhas lágrimas a pequenas gotas de sangue.eu corri por entre as plantas e os canteiros e limpei cada canto. Arranquei as plantas daninhas, remexi as folhas secas até achar vida e terra fofa para plantar a bela flor que o vento havia trazido e deixado aos meus cuidados como uma carta. Aquela semente veio me dizer que meu trabalho não havia acabado. Encarei o vento gelado e voltei a cuidar do jardim. Suportava a dor, o frio e o cansaço recordando a beleza que havia despertado naquela primavera. Tudo que queria era ver as flores desabrocharem novamente. Nunca mais as deixaria secar.
Aquele jardim é o meu universo particular. Nunca mais quero vê-lo desencantado. Sei que a primavera se aproxima, então faço o que for preciso. Saí de mim. Abandonei os velhos hábitos e tomei para mim os pequenos cuidados que farão a diferença quando o tempo das flores voltar a presentear meu jardim, . Não sou mais a mesma, deitei-me na grama e tornei-me parte das plantas. Rego-as com minhas lágrimas lamentando meu lapso de atenção Sou incapaz de descuidar-me delas, sou incapaz de tocá-las sem a delicadeza do amor.tomei para mim o suavidade das pétalas, porém sem jogar fora as pequenas larvas do dia-a- dia. Tão essenciais parar manter viva a beleza suprema das borboletas brincando entre o desabrochar das flores. Fiz da recuperação deste jardim minha própria maneira de me reinventar e recuperar os pequenos detalhes aos quais não dei atenção por estar trancada em mim.

Isabela Moraes
13/08/2013
"Nada do que eu fui me veste agora

Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra a tua boca



E mesmo que em ti me perca
Nunca mais serei aquela
Que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela"
Quando fui chuva_Maria Gadú

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