domingo, 28 de fevereiro de 2010

Sua pergunta, meu medo da resposta

Não conseguia dormir. Acordava durante a madrugada com frio e precisando do seu corpo quente. Meus sonhos eram perturbadores, meu corpo estava inquieto, bagunçando e revirando os lençóis sobre mim. Meu travesseiro já não podia mais conter minha cabeça e acabei por me esconder encolhida no meio da cama. Sem lençol, travesseiro ou pelúcia. Somente minhas mãos escondendo meu rosto molhado. Talvez fosse sua ausência física, ou talvez sua presença como uma névoa suspensa sobre mim. Algo me incomodava e causava uma dor, e eu me sentia vazia. A dúvida. O questionamento. A luta contra a resposta. Não sou capaz de dar nenhum passo a frente, minhas pernas tornaram-se muito fracas para tomar um caminho. Mas sou obrigada a me manter de pé. Encarando os rostos que habitam minhas dúvidas. Perdoe minha mente leviana, mas ela abriga outros personagens. E tece uma história da qual nunca sairei ilesa. Todas as coisas que eu disse estão embaralhadas e tentando me desconcentrar. Procuro em meio à bagunça o meu erro. Sei que em certo ponto me deixei envolver e depois dali me perdi num emaranhado de sentimentos e sensações que não sei resolver. Como se não conhecesse meus próprios sentimentos. Como se meu corpo trabalhasse contra o meu coração. Expulsando-o. Só sei de umas coisas estranhas, que não fazem sentido pra mais ninguém. Minhas complicações.
Não te desejo. Não sinto paixão queimando, como fogo queima pólvora. Mas a todo instante tenho vontade de correr pros seus braços e te envolver no meu abraço, te apertar contra meu peito até que você transpasse minha carne e ocupe o vazio, o oco onde meu coração batendo rápido é a única coisa presente. E lá, onde não posso fugir de mim mesma, lá onde tenho que encarar minhas verdades, paira no ar a sua pergunta, e no chão, os cacos do meu medo da resposta, refletindo seu olhar de espera. Não sei se temo a recíproca, ou se temo a decepção. Meu medo é porque corro um risco maior de te perder. Não importa se eu disser que sim, ou se eu disser que não.

Isabela Moraes
27/02/2010
Você me disse que eu sou petulante, né?
acho que sou sim, viu?
como a água que desce a cachoeira
e não pergunta se pode passar
você me disse que meu olho é duro como faca
acho que é sim, viu?
como é duro o tronco da mangueira
onde você precisa se encostar
você me disse que eu destruo sempre
a sua mais romântica ilusão
e destruo sempre com minha palavra
o que me incomodou
acho que é sim
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?

Oswaldo Montenegro - Todo Mundo é Lobo Por Dentro (Petulante)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Não precisa ser dito


Você não sabe, mas essas coisas todas que eu não digo têm gritado na minha mente como se pedissem para serem ditas. Mas elas não precisam ser ditas. É por isso que me calo, para não correr o risco de deixá-las escapar. Só tem uma coisa, em que pensei depois de desligar, e sei que você precisa saber. Eu não sei mais reconhecer o que sou eu, sem as suas marcas. É como um pouco de tinta que respingou num quadro, e agora, já faz parte dele. Os olhares estão acostumados com os pingos, como se eles fossem parte da pintura naturalmente. Mas não são. Mas é melhor assim. Você não está dentro de mim, você faz parte de mim. Como o açúcar faz parte da massa de bolo. Sem você, não teria o mesmo sabor. As promessas que eu não cumpro não seriam cobradas. Os segredos não seriam falados. Aquela frase ficaria esquecida.
Quero manter as coisas equilibradas. Você já se confessou. Minha vez. Eu te amo porque você me faz te amar, todo dia. Porque você me faz usar meu sentimentalismo bobo. Porque você me faz perder a noção de realidade e ficar imaginando que um dia, velhinha, vou sentar na cadeira de balanço na varanda, e lembrar. De tudo. Do seu amor. Nosso amor. E assim vou continuar tendo você na minha vida. Ao meu lado. Até o pra sempre acabar.

"te amo mais do que você pensa, menos do que ainda sou capaz e o bastante para me surpreender com esse amor todos os dias. Mas te amo calada, não preciso e não sei dizer"

Isabela Moraes
25/02/2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Caminhada falada

Vamos dia-a-dia, juntos, passando por essas estradas, que um dia nos levarão a algum lugar. Você ouvindo as minhas palavras, mais duras que o chão em que pisamos, e eu ouvindo sobre suas decepções enquanto percebo o sobe e desce do meu humor. Nada é como devia ser. As coisas apenas são como são. Talvez um dia eu possa responder por que te amo tanto, onde está o diferencial que te faz tão importante pra mim. Mas nunca poderei falar, mesmo que baixinho, por que você afeta meu estado emocional. Perderia toda a graça das nossas longas conversas. Nossas caminhadas já não levariam mais a lugar algum. Seríamos apenas duas pessoas, caminhando lado a lado, sabendo demais para buscar qualquer coisa. Você pede demais do meu amor. Já pediu que fosse exposto verbalmente, e assim o fiz, pede que ele seja simpático e gentil, mesmo sabendo que ele é feito das minhas cascas e ainda, pede que ele esteja o tempo todo, sabendo que como você, ele é masoquista, e adora sentir saudade das suas palavras. Mas, pense bem, nós somos tão parecidos que você também ainda não sabe responder por que gosta de mim, e não desiste, não larga do meu pé, apesar das minhas respostas feias, das minhas críticas construtivas, minhas brincadeiras sempre levadas à sério, mal interpretadas e da minha insistência em te manter à distância. Então deixe, que enquanto caminhamos vamos descobrindo, vamos encontrando bons motivos, para não parar de caminhar, para não desistir, para continuarmos juntos. Apesar do meu amor complicado tentando dificultar as coisas pro seu amor simples.

Isabela Moraes
23/02/2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Fim


Um dia, você vai me esquecer
Mas que não seja hoje

Espero que possa esperar
Por algum tempo

Se o romance acabar
Que o coração não se machuque

E quando lembrar
Que ainda possa sorrir

As fotografias tiradas
Ainda serão verdade

As cartas escritas
Ainda poderão ser lidas

Mas o amor, ah...
Doerá se ainda amar,

Mesmo depois
Do romance acabar.

Isabela Moraes
15/01/10

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Queimadura


Encostei em sua pele e senti que algo ali era fora do comum. Seu toque me marcou, queimando como ferro em brasa. E depois do fogo que ardeu e queimou minha pele durante sua ausência, devastando mais que o calor da sua presença, nada resta senão as cinzas. Ainda mornas, deixadas sendo carregadas pelo vento, num movimento que parece ter vontade própria, numa dança em círculos até voltar pro fogo. E então, renascer enquanto queima novamente. Ganhar vida ardendo no calor do que outrora a modificou. Revivendo só pra poder sentir de novo seu calor queimando em mim.

Isabela Moraes
18/02/2010

Você tem que ser forte quando consumido pelo desejo
Porque não basta ficar fora do fogo
São tão determinados a correr o risco
Convencidos de que não é viver se você ficar fora do fogo

Tem um amor queimando
Na minha alma

Constantemente ansiando perder o controle

Querendo voar cada vez mais alto

Não posso tolerar

Ficar fora do fogo

Ficar fora do fogo

Ficar fora do fogo

Não se experimenta a vida, apenas sobrevive

Quando se fica fora do fogo

Garth Brooks - Standing Outside The Fire

Esperando o trem passar


Ao fechar os olhos você é aquela luz brilhante que eu não vou desistir de ir buscar. E ao abri-los, você é tudo que está ao meu redor. Em cada nota da canção que ouço no rádio, em cada foto que vejo nas revistas, em cada notícia na TV, em cada papel rabiscado, ou palavra escrita. Não que eu queira te enxergar pelos cantos, mas também não quero parar de te ver em cada sorriso. Mal posso esperar pra ver você aqui, ver seu sorriso, sua confusão, e cada passo seu mudando de direção. Sem saber por onde está indo, vou apenas te seguindo. Espero que você não fuja. Sente na escada, e fale de novo, faça de novo. Ame de novo. Não tenho mais medo. E derrubei dia após dia meu bloqueio. Não vou dizer que foi coragem, apenas percebi que algo era maior que minha covardia. E agora, quero você como você me quis, e espero por você como você disse que esperaria por mim. Apenas tenho o tempo. Como um trem que passa, mas está sempre ali, naquela mesma rota, passando pelas mesmas árvores paradas. Espero que numa dessas viagens você venha, e ao invés de passar, fique comigo.

Isabela Moraes
18/02/2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pequena


Sou pequena dentro dele.
E tudo ao redor, roda
e a cabeça gira.
Sou bailarina
danço no teu abraço
procuro um laço
pra me amarrar ao seu amor.
Do seu amor, peço nada.
Peço calma, peço pressa, peço tudo.
Peço que eu seja sua amada.
Peço que me ames mudo.
Do seu amor,
peço que ames.
E que esteja inclinado a aceitar
que de outros vou gostar.
Só se lembre,
que vou voltar pros seus braços.
Os outros romances são falsos,
são só passos, de uma dança
que a bailarina tem que dançar.

Isabela Moraes
16/01/10

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Depois do amor


Depois do amor achado
O coração desritmado
Bate sem saber por quem
E querendo esse alguém

Depois do amor traído
Todo coração partido
Que há de se refazer
Mas que nada fará esquecer

Depois do amor revivido
Falar no seu ouvido
Que ainda te queria
Enquanto você se despedia

Depois do amor mal acabado
O coração fica apertado
E tem medo de sofrer
Quando olho, não quero te ver

Depois do amor adormecido
Devia ter seguido
Sonhado com outro rosto
Esquecido seu gosto

Depois do amor reencontrado
Quero continuar ao seu lado
Ser sua pra sempre
Viver assim contente

Depois do amor feito
Deitar sobre seu peito
Desejo nunca sair do seu lado
Esse amor não pode mais ser apagado

Isabela Moraes
25/11/09

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Trilha sonora


A sua voz vem e agora é fraca
Eu não posso acreditar que isto é tão frustrante.
Porque você nunca pareceu compreender
E você me deixa escorregar diretamente através de suas mãos
(...)
Se você encontrar o que você estava procurando
Eu vou estar esperando lá,
Eu vou estar lá

Paramore - Another Day

Invertida


De repente é como se eu estivesse diante do espelho, me vendo invertida, e sabendo que agora você é quem está no meu lugar. Agora estamos quites, você sabe como é estar no meu lugar e eu sei como é estar no seu.
Agora sou eu quem não pode agüentar pensar que você é feliz em outros braços. E é você quem tem que decidir. Encontre suas "respostas“. Apenas não faça como eu, não fuja do que quer. Mesmo que o que você quer não seja exatamente o que espero. Ainda me faz bem saber que você sabe, talvez baste por enquanto. Não vou ter que te surpreender demais quando tudo voltar. Quero ver as mudanças, mas ainda queria que algumas coisas fossem exatamente como antes.
Só me resta esperar. E ter a certeza de que a outra garota que segura em suas mãos merece seu amor, e te faz bem. Não tenho argumentos contra ela. Tenho muitos motivos para desistir de você, e só um para continuar firme, o que sinto por você me manterá de pé. Esse tempo de saudade, sua ausência, sua falta, me mostraram que não posso viver me recusando a amar você.

P.S.'s: seu pedido de natal está lhe esperando embaixo da árvore, apenas atrasado.
"vai encontrar no calor do carnaval outra menina que te sirva melhor"?


Isabela Moraes
12/02/2010

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A nova história


Uma chave abriu meu sorriso. A fechadura estava enferrujada, as dobradiças fizeram certo barulho. Mas o sorriso abriu bonito. E iluminou tudo. E fui então deixando que meus olhos se abrissem para ver as maravilhas de ter você aqui de volta. Meu coração se abriu para te receber. Ainda com medo de te perder. Mas confiante de que você não vai embora. Ele ainda te aconchega como um colchão que já se acostumou ao formato do seu corpo. Deixa pra lá os muros e fortalezas que me escondem. Você sabe como me encontrar. Não vou mais fechar nenhuma porta. Você está livre. Para ir aonde quiser. Mas prometa voltar. Você disse que iria agarrar no meu pé e não me deixar ir nunca mais.
Siga este caminho comigo. Ele vai nos levar a um lugar bom. Não olhe pra trás, se não for para aprender com os erros que cometemos. Não temos mais nada a lamentar, senão o tempo que perdemos. E quem nem de todo se perdeu. Aprendi a falta que me faz você. Seu lugar esteve vazio esse tempo todo. E as palavras que só você me faz dizer, ficaram ecoando. E o eco trouxe as lembranças, trouxe aquele sentimento que aprendi com você, o que agora me faz feliz. Aquele nosso amor... fraterno... eterno.
Paro mais uma vez. Não vou voltar atrás, mas me recuso a seguir em frente se for magoar você. Quero arrancar meus espinhos e ser o toque delicado em sua pele. Vou retirar as pedras do caminho, e pisaremos firme no chão, mesmo se os pés afundarem na areia. Se cairmos, cairemos juntos. Porque não vou mais soltar da sua mão. Acredito que você estará lá pra mim também. É mútuo. Eu por você e você por mim.
Confio de olhos fechados. Mas você insiste que eu abra meus olhos e mostra como todas as cores são belas a olho nu. Mesmo que em uma mistura diferente. Todas refletem, todas intensificam. Você é forte, eu sou teimosa. Feche os olhos. É índigo que você vê.
Nem quando fechar os olhos vai poder me esquecer. E nem querendo eu vou esquecer você.

Isabela Moraes
10/02/2010

Alegria


As manhãs agora são curtas, mas são do tamanho que preciso. Faço delas um paraíso, enquanto o calor não vem. As tardes às vezes demoram a passar, mas eu tenho certeza de que a hora que espero chegará. Enquanto isso, espero no sofá, a série passar, o calor aumentar. Oito números discados. Muitas palavras. Nenhuma em vão. Os ponteiros continuam a seguir. Hora de desligar então. Ficou mais bonito. A tarde termina. A noite vem com preguiça; demora a ficar escuro. Tudo bem, eu aprecio o crepúsculo. Pra euforia passar, vou me deitar. E então volto pro sofá. Banho, pijama, música, pensamento. Cama, escuro, palavras, sonho.
Aprecio e acredito na alegria de estar contente com o que se tem. Mas sem desistir do que se sonha. Tenho vontade de dar risada, pular, dançar, correr, anunciar que a luz veio me acordar. Pra ver que em tudo há beleza. Até na incerteza. Basta dar a mão ao mundo e rodar nessa ciranda, pra aprender a girar junto com ele. Sem reclamações sobre o que não deu certo. Você faz parte do mundo. E aqui, estamos todos juntos. Só resta nos unirmos. Deixemos que a felicidade domine o mundo. E vamos sorrir de volta a cada sorriso. Loucura é apenas um modo diferente de ver as coisas. Sejamos um pouco loucos também. Vamos com a pressa de quem quer encontrar a beleza, mas olhemos também o caminho para aprendermos a caminhar pelas mais diversas circunstâncias. Vamos ser verdadeiros. Não será preciso fingir. Tudo será real.

Surpresa! Eis o seu texto feliz, Ph.
Isabela Moraes
10/02/2010

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Da noite pro dia


Estava escuro, e talvez por isso, minhas lágrimas não tiveram vergonha de aparecer e escorrer, como um rio sem fim pelos ombros alheios. E foram embora, contando tudo, dizendo a verdade, escorregando sem perceber. Sentia meu rosto quente, e a luta na garganta pra deixar tudo escapar, sentia uma reviravolta dentro do peito, o coração batendo forte e depois quase parando. Como se minha vitalidade se esvaísse. Eu calei, e escutei, porque já tinha falado o bastante. E tudo se foi. E como num desses contos, à meia noite , eu tinha voltado à realidade, encarado a verdade. Estava pronta pra isso. Tinha encontrado um abrigo para não ficar perdida em meio à tempestade. Mas ainda assim, fico olhando, com a certeza de que quando ela passar, ainda terei que encarar suas conseqüências. Apenas estou agradecida. Porque meus fantasmas foram embora. Meus medos enfim foram vencidos. Não estou mais sozinha. A noite não me assusta mais. Meu travesseiro já não sente mais as lágrimas. Meu sonho foi tranqüilo. Já não estou mais de cabeça pra baixo. Encontrei um caminho, e vou segui-lo até que enfim possa ver outras oportunidades, outros horizontes. E decidir seguir por novas trilhas.
Agora, a manhã não me perturba. Posso sorrir feliz diante do sol que brilha mais forte pra mim. Não tenho medo de me mostrar na luz do dia. Não preciso mais me esconder no escuro. As palavras foram ditas em voz alta. Foram escutadas. Minhas preces foram ouvidas. O fim dos monstros debaixo da cama. E o belo começo de uma jornada, onde sei que não caminharei sozinha. Olho pro lado, há uma bela paisagem, repleta de amizades que florescem. Fraternidade incondicional.
Amo vocês. Obrigada. Muito obrigada. Por tudo. Por não me julgar.

Isabela Moraes
08/02/10
Para Phelipe, Victor e minha irmã, Mariana.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Fraterno

Assim sou eu. Desse jeito. Rosto sóbrio, olhar vazio e sincero, calmo. Dentro dessa calmaria existe a ansiedade. É nela que realmente vivo. Ela que projeta minhas atitudes apressadas, meus erros irreparáveis, ela que me projeta. Dizem os leitores dessa página da web que tenho talento para escrever, talvez me falte talento para viver. Eu me recuso a parar, me recuso a desistir de qualquer coisa que seja. Charles Chaplin dizia que a persistência é o caminho do êxito. Mas eu vejo que na minha persistência está faltando algo, e esse "algo" é que está ditando as regras. Não é amor, não é beleza e talvez não seja literatura. No fundo, penso que é o tempo. E mesmo parecendo saber de tudo que me ronda, continuo inerte. As palavras que antes me sobravam, viraram linhas vazias de textos iguais. E talvez eu pinte numa dessas fotografias, os meus olhos de amarelo, minha pele de azul e meus cabelos de vermelho para que você me veja de alguma forma.

Já me perguntaram por que eu continuo a ser assim, a escrever sobre isso, se o mais decepcionante possível eu já ouvi. Eu não tenho uma resposta, talvez por esse motivo esse texto não seja uma poesia.

Tem algumas coisas que vão embora dos nossos olhos, por culpa nossa. Mas que sempre estarão conosco, porque o tempo machuca pela distância, mas eu ainda guardo lembranças que ele me concede na minha falha memória, lembranças de tudo que vivi ao teu lado. Eu posso ter ouvido o que não queria, mas não posso guardar mágoas, você me ensinou o que eu precisava saber. Ensinou-me a olhar para quem está ao meu lado. Talvez seja por isso que ainda não desisti.


"Lembro do dia em que você veio atrás de mim, saindo daquele portão. Descemos aquela ladeira, e eu brincando com a distância da sua casa para o colégio."


"Lembro de quando sentei na arquibancada ao teu lado, e você tirou tudo o que estava em sua bolsa."


"Lembro de quando você disse que estava bem sentada no chão do refeitório, comendo."


"Lembro de quando você desabafou comigo naquela noite sobre seus problemas."


"Lembro daquela piada sobre o pirulito de chocolate."


"Lembro de quando te dei aquele instrumento."


"Lembro de quando cobrei sua dívida em abraços."


"Lembro que quando te via, dava um beijo em sua cabeça e você falava que seu pai fazia o mesmo."


"Lembro de quando sentava ao seu lado depois da aula, para esperar o ônibus, você me dizia que eu deixava-os passar de propósito”.


"Lembro de quando meu professor de informática viu você me chamando de Super-Calo."


"Lembro de quando você me disse que a pergunta certa era: - E a alegria? -.”


“Lembro da primeira vez que me chamou de branquelo.”


"Lembro de quando me deu aquele desenho, que até hoje guardo, com um texto no verso."


"Lembro de quando você disse que me amava."


Tenho-te com a certeza
De que você pode ir
Te amo com a certeza
De que irá voltar
Pra gente ser feliz
Você surgiu e juntos
Conseguimos ir mais longe
Você dividiu comigo a sua história
E me ajudou a construir a minha
Hoje mais do que nunca somos dois
A nossa liberdade é o que nos prende.
Viva todo o seu mundo
Sinta toda a liberdade
E quando a hora chegar, volta...
O nosso amor está acima
das coisas deste mundo
Vai dizer que o tempo
não parou naquele momento
Espero por você
O tempo que for
Pra ficarmos juntos
Mais uma vez.


Entenda eu escrever só o que de bom passamos juntos, o ruim, deixe que o tempo se encarregue de me trazer, todos os dias. Amo-te parceira.


Título: Escolha por mim.

P.S.: Texto do Phelipe...

Me esqueça


Melhor esquecer enquanto pode esse meu sorriso escondido. Melhor deixar pra lá tudo que estava planejado. Te deixo agora sozinho, pra não te abandonar solitário mais tarde. E nada eu posso fazer contra essas coisas que não posso controlar. Apenas posso não te ferir. Pecar por antecedência é melhor que pagar pra ver. O preço seria o respeito que ainda nos resta. Eu não posso esperar pra ver se ainda vou te amar quando voltar ao meu lugar. Apenas me prometa que me amará ainda quando eu estiver me afastando, mas que me esquecerá assim que eu cruzar a esquina. Não quero ser a lembrança dolorosa da menina cruel que te magoou todas as vezes possíveis. Posso te abandonar agora, mas não posso ser displicente nunca. Vou te ferir com o frio cortante que ficará quando meu corpo deixar seu corpo. Eu também sentirei frio. Mas não quero suas lágrimas. Elas teriam um efeito ainda pior.
Creia apenas que fiz esta escolha querendo acertar e te poupando de muitas coisas. Eu não consigo acreditar que tudo vai dar certo. Seu otimismo não ficou em mim. Estou colocando um ponto final agora, para não ter reticências depois. Não serei negligente. Serei apenas a destruidora de corações que sempre fui. Estou acostumada.

Isabela Moraes
06/02/10

A síndrome de Colombina voltou.
"não posso dividir-me em dois, e dar cada metade por inteiro a um. então, fico parada entre os dois. e acabo não sendo nem mesmo minha."

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A cruz, a espada e a caneta

A noite está muito escura, sem lua, sem brilho. A chuva de repente para, silenciando tudo. Do corredor pode-se ouvir meu choro. Eu estou sentada no chão do meu quarto, debaixo da janela, soluçando, mas não tem ninguém do lado de fora pra ouvir. Tanto faz. Lágrima seca de dentro pra fora, então ninguém pode enxugá-las pra mim. Minha testa está encostada nos meus joelhos, e meus braços estão pressionados entre minhas pernas e minha barriga, apertando uma almofada, os meus dedos estão molhados e machucados de tanto apertar a cruz de madeira. Na minha mente os meus pecados e arrependimentos vem e vão, me fazendo chorar mais e mais. E eu peço perdão. E mesmo que ninguém possa ouvir, eu não tenho coragem de falar em voz alta. Tudo é um grande borrão na memória embaçada como minha visão. O sono me envolve me levando para sonhos mais tranqüilos que este momento.
Me levanto para mais um dia de batalha. Forçada a sair da cama, forçada a sorrir, forçada à solidão que escolhi por livre arbítrio. A vida não me intimida, então ando pela rua de peito aberto, queixo erguido e orgulho pendurado no pescoço. Apesar de tudo, não me preocupo se alguém me encara de cima a baixo, porque não vai conseguir enxergar o que minha armadura esconde. Talvez por trás da máscara de ferro eu seja mais feliz do que a frieza de metal mostra. Talvez eu possa ficar segura no mundo mesmo sem essa armadura pesada que sustento. Então, aos poucos vou deixando a armadura pelo caminho, mas uma coisa, minha mão não deixa cair. A espada que seguro, não é segura, e é sempre usada da pior maneira, no momento errado. Por isso, jamais cravei-a no inimigo, mas já despedacei, por vezes, corações inocente. Mantenho comigo o dilema, minha proteção é meu desgosto e meu remorso.
Depois da rotina desgastante, consigo me distrair na volta para casa, olhando a beleza ao meu redor. A paisagem é das mais belas, mas fica fora de foco, diante das lembranças do que já vi antes. Meu único conforto é chegar ao lar vazio, deitar na cama fria, ouvir apenas o rádio. Abro a porta para um quarto solitário habitado pelo único objeto que sei usar corretamente. De vez em quando, o modo como o uso machuca os olhos de alguém. Pena, que uso a caneta para escrever verdades, não posso desmentir as palavras. Mas ela é melhor que qualquer cruz, ou qualquer espada. Expulsa os meus demônios, ou qualquer coisa que se aposse dos meus sentimentos, atos ou emoções. Me dá firmeza para enfrentar qualquer coisa que tente me abater, e me mantém na luta todos os dias. Ela deixa sua marca no papel, e assim, me cura de todas as cicatrizes, e sua tinta molhando as linhas, seca as minhas lágrimas.

Isabela Moraes
02/02/2010

expulso os meus demônios, parto corações e escrevo sentimentalidades

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Engravidando

Olho para minha imagem no espelho. Me convenço de que não posso mais mentir ou negar. Eis que algo cresce dentro de mim, algo que começou pequenino, a partir de ações inexplicavelmente absurdas. Agora, se alimenta de mim e cresce aqui dentro. E sentir que ele está vivo faz meu coração bater mais forte e rápido. E conforme o tempo passa, ele fica mais evidente. As pessoas já podem notar. Ele está ficando maior, e dentro de algum tempo, não poderei segurá-lo e ele surgirá, mostrando-se para todos, radiante.
Mas, insatisfeito com sua pequenez, crescerá até não caber mais em meu colo. Andará com suas próprias pernas. Brincará de se esconder. Chorará e me fará chorar. Me mostrará o que é realmente ser feliz. E continuará a crescer. Viverá seus tempos de juventude em crise, a ponto de quase entrar em colapso. Fará loucuras, fugirá do meu controle, quebrará as regras que impus, me deixará aflita e preocupada, várias noites sem dormir. Porém, satisfeita, apresentá-lo-ei à sociedade, mesmo que não esteja em sua melhor fase. Afinal, importará que ele estará amadurecendo. Me fará sentir como se tivesse errado com ele muitas vezes. Mas quando enfim terminar de crescer, curaremos nossas feridas, e se convencerá de que mesmo grande, meus braços ainda são o melhor lugar, e ainda caberá neles. Secará minhas lágrimas.
Me observará envelhecer, e me acompanhará nas caminhadas difíceis. E logo, ele também estará velho, mas ainda se renovando todos os dias, pois estará velho mas ainda vivo. Se manterá de pé, mesmo com dificuldades. E mesmo depois que eu morrer, ficará por um tempo vivo, mantendo minha memória acordada.
Tudo que eu viver, mostrarei a ele, e ele me ensinará o que não poderia aprender sem sua forma diferente de ver o mundo.
Agora, acabo de descobri-lo. Ele é pequeno, posso contê-lo, por enquanto. Eu não conheço sua face, e nunca o senti com qualquer um dos meus cinco sentidos. Quero um nome. Não sei qual é bom o bastante. Talvez, amor.

Isabela Moraes
02/02/2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

À espera deste momento

Todos estão seguindo em frente. Mas eu continuo no mesmo lugar, presa a esse momento que ainda nem vivi. Quando eu passar por aquela rua, e der de cara com a vida que vou viver a partir dali. Só saberei seguir em frente quando eu avistar o horizonte distante que esse momento terá a me oferecer. Sei que nem tudo continuará igual. Meus olhos hão de estranhar muitas coisas, meus ouvidos hão de estar prontos para ouvir o que tenho esperado. E eu hei de estar pronta para me entregar ao que estiver em meu caminho. Solidão ou mãos dadas. Distância ou convívio. Se ainda terei ao meu lado teus braços para me envolver enquanto sigo em frente, ou se você me deixar caminhar sozinha, ainda assim caminharei. E chegarei até o fim. Pois não há nada para mim, senão esse caminho a percorrer. Mesmo que nele não estejam as paisagens que queria ver.
Meus sonhos só sabem tentar prever esse futuro incerto. Minhas mãos vão tateando até aquele papel, meus olhos lêem e relêem aquela data, meus pés insistem que estão prontos pra me levar. E eu insisto em olhar pra trás e tentar guardar na memória o que eu estou deixando. Filmo cada momento que vivo, pois sei que corro o risco de não poder repetir essas imagens.
Me sento no degrau da escada, descanso os olhos, tento não pensar nas hipóteses. Agora, só o que importa é que estou em casa. Tanto faz o que o futuro vai trazer. Agora, eu tenho o presente pra me fazer feliz. Esqueço o momento esperado. Por enquanto.

Isabela Moraes
30/01/10

Escolha

Não fomos feitos um para o outro. Disso estou certa, apesar de já ter pensado na possibilidade, hoje sei que não. Também estou c...