sexta-feira, 30 de julho de 2010

Você, sem porquê


É meio torturante, estar aqui sentada, olhando pra essa tela branca, e tentando juntar essas letras pra te dizer qualquer coisa que faça sentido e que te faça entender. Estou apenas tentado dizer qualquer coisa pra você. A música está me ajudando, mas talvez não de uma maneira boa. Eu sei tão pouco, não posso reclamar das coisas que você não sabe me responder. Eu só sei da minha desordem habitual, da minha confusão ocasional, e que quero você (mas o motivo, eu não sei dizer). Isso é tudo. Em algum momento, olhando pra você, meu coração disparou e eu nem me dei conta, só fui notar muito depois que o seu olhar entardeceu essa minha ânsia de ficar só. E nesse seu entardecer eu fui deixando que o acaso me levasse, fui fazendo tudo errado, fui escondendo de você o que você me desperta, fui me escondendo da insanidade dessas sensações que só tenho quando faço uso de você. Quando te tenho, quando te ouço, quando te vejo. Os sonhos, os pesadelos, a insônia, que vergonha. Tudo que eu te disse, omitindo a sua parte. Fingindo que você não tinha nada haver com isso. Eu preciso me preservar, não posso mais me pôr à prova. Tenho que proteger minhas vulnerabilidades, minhas fragilidades (sim, assumo que as tenho). Por enquanto tenho que confiar no meu medo de que meu coração seja esmigalhado outra vez. Mas tenho que me permitir gostar de você. Porque é o que eu tenho feito ultimamente.

Isabela Moraes
30/07/2010

P.S.: Eu sei que é clichê, mas sinto borboletas quando penso em você.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Para o amor perdido


Fiquei triste. Num momento você estava aqui, no outro já não estava. Igual a um bicho de estimação que morre de repente e somem com o corpo.
Para onde foi tudo aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.

Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.

Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.

Só há uma coisa certa a respeito disso: não desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas.

Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim.

Fernanda Young

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Orfã de filho

Acordei e fiquei feliz ao notar o sol que iluminava meu quarto, tingindo tudo com um tom alaranjado. Sorri e pensei que este seria um dia ideal para um de nossos passeios. Ah, como eu adoro teus sorrisos, tua alegria, quando passeamos pelo parque nessas manhãs felizes. Pensei em ir ao teu quarto te chamar, e quando calçava os chinelos, me dei conta da verdade e desabei em choro. Você não estaria lá. Teu quarto, ainda com os lençóis desarrumados sobre a cama, permanecia vazio, abrigando tuas coisas. Tuas roupas, teu cheiro, aquela foto que você tanto amava, teu cabelo sobre o travesseiro, tudo que lembra você, mas que não é você. Fui até lá, me arrastando, escorando nas paredes. A luz estava apagada, e a tua luminária estava acesa, desenhando luas, estrelas e nuvens de luz na parede. O que fazer com tua ausência? Nada disso traz você de volta, nem minhas lágrimas, nem minha dor, nem tentar me esforçar para não perder a lembrança do brilho dos teus olhos, da tua voz suave, dos teus primeiros passos. Perdi você. Naquela noite, em que você não voltou pra casa. Ou talvez antes. Não sei em que momento exato, você saiu de meus braços e eu soube que em algum momento você ia voar pra longe demais e eu não te alcançaria mais. Porque tua genialidade e tua aura iluminada eram demais pra este mundo perverso e desumano. Mas eu ainda preciso de você. Meu filho, diga quando vou te ver de novo, e viverei todos os meus dias esperando pelo momento de te cobrir de beijos e te colocar em meu colo. Sou uma mãe sem um filho. Sem um pedaço, que devia estar aqui, mas foi estraçalhado tão rápido que não notei a dor, apenas reparei no sangue e nas marcas do buraco cavado brutalmente em meu peito. Lembro de uma última batida que me tirou o rumo. A mesma que me tirou você para sempre.

Isabela Moraes
26/07/10

Respostas


Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto.
Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Certeza

Eu não tenho certeza. Alguém poderia comprar pra mim? Onde encontro essa tal de sabedoria, que supostamente me faria reconhecer o que é verdade e o que é mentira, quando estou enganada, quando estou certa. Dúvida eu tenho. Até me sobra. Talvez possa trocar um punhado de dúvidas por algumas certezas. Mas acho que ninguém vai querer trocar. Acho que ninguém quer ter uma coisa tão abstrata. Duvidar é saber que não se sabe. É ter certeza de que sua única certeza é não poder confirmar nada. Isso é triste. Ou talvez seja bom. Dizem que o sábio nunca tem certeza de nada. Afinal, certeza absoluta mesmo ninguém tem. Mas eu aceitaria uma imitação mais barata. Uma versão com menos vantagens, menos recursos. Tudo que eu queria é poder dizer a alguém, sem titubear, sem medo de me descobrir errada depois, queria dizer com a alma, queria reconhecer, e ver a verdade dos meus sentimentos. Ser humano descontente. Que triste não gostar do que tenho, desdenhar, querer o que não posso ter. Gastar meus sonhos com uma bobagem dessas. Certeza. Coisa que morre com a gente, não pode ser deixada de herança pra ninguém. Por outro lado o incerto está se oferecendo pra mim. Mas eu queria o que sei que não posso ter. Não cabe no meu orçamento. Tenho tanto a fazer. Não sobra tempo pra juntar tudo que tenho e transformar em certeza. Melhor esquecer disso. Deixar pra lá. Já tenho uma certeza. Tenho certeza de que tenho muitas dúvidas.

Isabela Moraes
20/07/2010

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Amigo amado


Eu não deveria dizer nada se não tenho certeza de nada. Não deveria remexer e procurar o que está esquecido em meio à confusão. Mas às vezes eu sinto o meu corpo diferente quando me encosto em você. Talvez não seja nada demais, mas é que eu não chego tão perto de outras pessoas como fico perto de você. Por teus ombros escorreram minhas lágrimas e você não percebeu, talvez eu ainda chore ao seu lado, porque você me obriga a olhar a desordem do meu mundo e me mostra o seu tão racionalmente organizado. Talvez pra compensar a bagunça do meu mundo eu tente arrumar tudo ao meu redor. Você tem razão. Eu perco o sentido sempre, e me perco de tudo, mas sempre tenho você, mesmo tão vago, ás vezes distante. Minhas emoções me desapontam, mas você nunca me decepcionou. Eu não quero queimar esse amor para fazer uma paixão arder. Vale muito mais o que nós temos agora, eu não quero te testar. Você vai ser sempre o incerto, mas minha certeza sempre. O meu amigo, amado sempre.

Isabela Moraes
16/07/2010

acho que é confuso porque eu amo você.

domingo, 18 de julho de 2010

Maybe, Tom was like me and Summer was like you.

Eu entendi. Você falou sobre sinceridade acima de tudo entre nós, mas eu não te vi pondo em prática. A verdade é que quando você falou que não queria algo sério agora, você estava tentando dizer algo menos brutal que: “não quero um compromisso com você” ou “o que eu sinto por você não é suficiente para que eu me comprometa”. Eu percebi que você não foi sincero, não disse o que realmente sentia. Me manteve à margem, tendo só o superficial em minhas mãos fracas, e assim não notei de imediato que você estava sendo racional e pragmático demais pra se entregar a qualquer sentimento ou emoção. Eu me apaixonei, você não. E eu sei que você sempre deixou isso bem claro, mas é que só agora as coisas fazem sentido pra mim. Eu fui incapaz de despertar qualquer sentimento mais intenso em você, ou você foi incapaz de se permitir sentir algo por mim. Talvez tenham sido as duas coisas. Só sei que nada disso realmente importa agora. Por muito tempo senti tanta raiva de você, acreditava que você era cruel, insensível, incapaz de amar, frio. Mas a verdade, é que você é um ser humano totalmente provido de sentimentos muito bons, mas que não despertaram ao som da minha voz, ao toque das minhas mãos. Tudo o que eu disse até agora não faz nenhum sentido. Mas eu precisava dizer. Aquele filme me fez lembrar você. Você me ensinou a sentir de um jeito que na verdade você mesmo não sentia por mim. Eu apenas achei que um dia você sentiria também, um dia você acreditaria, você veria, você saberia. Mas você não sentiu.

Isabela Moraes
18/07/2010 - 1h50m.
(500) Dias com Ela.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Vermelho

Vejo vermelho quando acordo, quando me deito, e quando olho pra você todas as tardes, me fazendo crer que todo o vermelho vem de você. Intenso e radiante, você trouxe o vermelho para a minha vida. E tudo que antes era um deserto azul desbotado, agora é vermelho e quase me cega. Tudo nessa cor é atraente e lembra a dor, lembra o gosto bom das tardes consumidas tantas vezes fazendo nada dentro dos teus braços, lembra a ansiedade, lembra você. Não há necessidade de outras cores quando tudo ao seu redor está tingido de vermelho. Quando seu sol brilha em vermelho, quando a paixão vivida é em vermelho. Vermelho do teu esmalte, do teu batom, do teu vestido, do teu cabelo, ou mesmo do teu sangue que ás vezes jorra quando você tem que se rasgar pra mostrar o que há de mais humano nesse seu coração remendado, como o de uma boneca de pano. Será vermelho também o horizonte quando você tiver de partir, porque sem você só fica o vazio da dor, das minhas feridas abertas.

Isabela Moraes
15/07/2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock and Roll ♪


"Then one day she turned on that New York station
She couldn't believe what she heard at all
She started dancin' to that fine, fine music
Her life was saved by rock 'n' roll.
Despite all the computations
You could dance to that rock 'n' roll station."

The Runaways - Rock'n'Roll

Me apaixonei por Rock ouvindo Rádio Cidade (102,9 FM) que hoje não existe mais no Rio. Mas o Rock entranhou na minha pele e agora o mundo pode acabar, eu vou querer rock'n'roll. Vício dos meus ouvidos, ritmo descontrolado dos meus pensamentos, minha música, minha verdade, minha companhia, meu alimento, minha motivação. Feliz dia do Rock.

domingo, 11 de julho de 2010

Do portão pra fora


Todas as tardes e algumas manhãs, entre os muros daquela escola, velha e por onde tantos já passaram, nós passamos os dias de uma etapa de nossas vidas que em breve irá passar. As cores agora são tão intensas, mas o tempo vai fazer tudo desbotar. Estamos aqui agora, mas isso não é pra sempre, tem prazo pra acabar, mas a validade é indefinida, se lutarmos por ela. As conversas são gritadas, interrompidas por risadas fora de hora, rompantes de histeria, choros inexplicáveis. Nossas descobertas são tão inesperadas, tão reveladoras, são guardadas em segredo, são contadas imediatamente a todos, são ignoradas. As provocações não tem fundamentos, e assim as brigas também não. As amizades não são as mais convenientes, mas serão provavelmente as mais verdadeiras de nossas vidas. As decisões são tomadas impulsivamente, e algumas vezes nos arrependemos, mas essas são as decisões que provavelmente vão dar rumo às nossas vidas. Vai passar, tudo isso, a euforia, o gosto, esses rostos, a intensidade, as paixões, as palavras. Mas peço que fiquemos aqui mais um instante, e olhemos para estes bancos, essas paredes, essas portas, essas flores. Fomos parte disso uns dias. Era tudo que tínhamos. Éramos nós, sentados naquele pátio, olhando para aquela mesma paisagem, aquele mesmo pôr de sol, mesmos sons confusos, mesma adolescência compartilhada todos os dias. Agora está acabando. Sigamos sem esquecer dos dias aqui dentro. Sem nos esquecer vivendo nossa vida fora desses portões.

Isabela Moraes
11/07/2010
Eu amo vocês.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Oprimido


Você me proibiu de te amar
Me forçou a me calar
E a fingir que não te quero
Dizendo que não será como espero

E o que me magoa mais
São as coisas que você faz
Tentando me proteger
Do que não vai acontecer

Eu não iria me decepcionar
Preciso de pouco pra me contentar
À tarde seus beijos doces me bastam
Se você calar as súplicas que me desgastam

Acabe com essa minha dor
Devolva aos meus quadros a cor
Diga se não quer que eu te ame
Pois se eu me entregar, deixará que me engane

Isabela Moraes
21/06/2010

Escolha

Não fomos feitos um para o outro. Disso estou certa, apesar de já ter pensado na possibilidade, hoje sei que não. Também estou c...