terça-feira, 25 de setembro de 2012

Passarinho

Engordei alguns quilos nas últimas quatro semanas. Mas emocionalmente, estou uma tonelada mais leve. Uma coisa tem a ver com a outra.

Precisei de alguns dias jogada no sofá, assistindo televisão e beliscando coisinhas da geladeira, e da fruteira, e do armário. Precisei explorar algumas habilidades na cozinha. Enquanto batia a massa do bolo, ia dissolvendo uns pesadelos, desfazendo as minhas constantes viagens de volta ao passado.

Aprendi bastante sobre mim mesma. Finalmente, pude olhar para trás sem arrependimentos e me despedir de tudo que já não me fazia bem. E olhando de longe, percebi que nada daquilo me pertencia mais. Eram só sombras de dias alegres, sobras de sentimentos pisoteados pela sensação de que deu tudo errado. A verdade é que não deu tudo errado.

Deu tudo certo. Aconteceu como tinha que acontecer. Vivi o que precisava viver pra ser quem sou e saber o que sei hoje. Tive tempo pra me dar conta de que precisava esquecer os traumas dos relacionamentos que não deram certo. Esqueci. Aprendi a agradecer.

Agradeço aos relacionamentos anteriores. Por terem acabado no tempo exato e me ensinado o que não fazer para fazer alguém feliz. E por me ensinar que traição é prova de desamor.

Agradeço ao meu mentor, Fabrício Carpinejar. Por ter me ensinado tanto sobre mim e me feito enxergar o que estava diante dos meus olhos e eu não conseguia ver. E agradeço imensamente por me ajudar a fazer esse novo relacionamento dar certo.

Agradeço ao meu namorado, Fabrício. Por me ensinar a me amar do jeito que eu sou. Só agora aprendi a ser amada, porque entendi que essa pessoa cheia de defeitos e falhas pode sim ser amada de verdade. E finalmente, consegui amar. Aprendendo a me amar, amei outra pessoa.

Agradeço a quem teve paciência comigo quando estive em metamorfose. Quando nada me fazia rir e qualquer coisa me fazia chorar. Quando tudo me fazia dar risadas e era impossível me fazer derramar uma lágrima sequer. Estive super sensível e dura como uma pedra.

Mas agora não serei mais pedra. Quero ser outra coisa. Quero ser pássaro. Voar, ser livre. E me prender na gaiola. Viver presa ao amor. Porque é preciso estar muito livre pra voar pra dentro da gaiola e se deixar ser preso pelo amor.




Isabela Moraes
19/09/2012

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Tal mãe, tal filha



Vou confessar. Às vezes tenho vontade de matar a minha mãe. Mas a verdade é que morreria por ela.

Ela desfaz o que eu faço, reclama que não sei fazer do jeito dela e faz pouco dos meus esforços pra agradá-la. E quando é o contrário, joga na cara que não dou valor ao trabalho dela. Isso é que é o pior. Ela joga na cara. Tudo que naturalmente não me faz bem, ela tem o prazer de usar pra me torturar. Não sei se é de propósito. Os meus erros, minhas falhas, meus desvios de conduta, minha preguiça, meu desleixo. Até a minha falta de habilidade e compromisso com os serviços domésticos vira motivo pra me chicotear com a língua.

Dói. Mas tem sido uma dor que força o amadurecimento. O que dói mais é escutá-la dizer que não vai pedir ajuda nunca. Que o orgulho é maior que o cansaço. E o que dói mais quando escuto isso é saber que sou igual a ela, e caminho para me tornar o sargento que ela é. 

Não quero alimentar as mesmas manias que hoje me incomodam.  Não quero jogar nada na cara de ninguém. Mas, sem perceber, é isso que eu faço. E ainda me engano, minto pra mim mesma que não é isso que estou fazendo, que não é nela que estou me transformando.

Mas lá no fundo, eu acho que estou me tornando a minha mãe por causa da minha mania de me preparar para as situações difíceis. Estou me transformando nela pro caso de precisar dela e qualquer coisa impedi-la de estar lá pra mim, assim não me decepcionarei. Tendo-a em mim, ela estará pronta a atender a minha necessidade de alguém que jogue na minha cara os meus erros e defeitos. 

Lá no fundo, acho que já me acostumei e acabei por criar essa dependência. Talvez sem a tortura, eu não me desse conta das besteiras que faço. Então, estou aprendendo a fazer isso sozinha. Pra não ter que pedir opinião quando achar que fiz algo errado. Não precisar de ajuda.

Escolha

Não fomos feitos um para o outro. Disso estou certa, apesar de já ter pensado na possibilidade, hoje sei que não. Também estou c...