Então tá. Acabou. Chega de ficar pelos cantos, escutando aquelas letras de música que só me trazem mais solidão. E tão diferente de todas as vezes em que disse 'chega', não estou dando um basta em nenhum relacionamento. Pelo contrário. Chega de solidão. Não quero mais sentar sozinha nos degraus durante o recreio e ficar solitária. Quero compartilhar. Porque não faz sentido viver nessa solidão imensa. É preciso alguém para compartilhar, mesmo que seja um amigo. É preciso alguém bem próximo. Alguém que seu coração possa sentir a presença. Amor.
Não dá mais. O martírio já vai se tornando repetitivo e exaustivo. É triste não ter alguém para compartilhar ao menos as pequenas alegrias do dia-a-dia. Mas é ainda tão ruim, ter que continuar seguindo a rotina. Cada dia aqueles mesmos sentimentos me rondando e me isolando na gaiola que eles prepararam para mim. Uma prisão. E eu fico lá. Só observando. Casais, pessoas, grupos, conversas, brigas, risadas, choros, sons, silêncio. E a confusão. De não saber onde estou. Fechar os olhos pra não ver que estou sozinha. E me sentir num infinito labirinto, distante de tudo. E querer falar, pedir ajuda. Mas não ter palavras para expressar o que se sente. E uma sequência de sons se repete na rotina. Uma palavra. Solidão.
E sem nem ao menos ter para quem contar sobre tudo isso que sinto, o peso vai aumentando. Vai afundando mais. Vai ficando mais profundo também. Difícil de arrancar. Expurgar.
E ainda tento espantar essa sombra que pousou aqui. Flores, corações, nascer do sol. E nada funciona. A verdade é que a sombra foi deixando tudo escuro e o vazio foi trazendo o vento frio. E congelou. Eu preciso de alguém para ficar bem próximo. Calor humano. Abraço.
Enquanto isso, meu olhar perdido, desencontrado, desanimado. Tento me convencer de que vai passar logo. Tento me convencer de que mudar de atitude é a solução. Solidão só por enquanto. Um tempo é preciso para que o amor se lembre que eu estou esperando por ele. Ansiosa. Desejando o momento em que não estarei sozinha. Mas esperar ainda que seja rápido. Vou insistir em ficar de pé, firme. Sem a tristeza que agora me domina. Sem a nuvem que ofusca a alegria. Por enquanto.