
Nuvens onduladas movimentam-se conbrindo o céu. Um deserto branco manchado, desbotado, esfumaçado, salpicado, lá no fundo pincelado de azul. Um amarelado, alaranjado, avermelhado, rosado, arroxeado, que vão abandonando a imensidão, um escuro que vai cobrindo os tímidos e já sonolentos raios de sol. Uma vertigem. Mais um fim de tarde. Não é claro, nem escuro. Já não é mais dia, ainda não anoiteceu.
Olho outra vez pra cima. Isso tudo, foi você que me deu. E bem ali, a cada minuto que olho, tentando achar uma forma de gravar em mim a imagem, se encontram a paz do entardecer e a fúria da tempestade. É o presente que me entregou, desajeitado. Tomo conhecimento aos poucos da grandeza que envolve esse movimento de mudança eterno do mundo. E no fundo, agora não me importo com toda a grandeza do céu, do infinito. Sei da distância que aumenta, enquanto olho esse céu. Essa que me separa de você. Sei do meu bem-querer, que mal cabe no meu peito, que eu quero derramar. Que eu quero amar. Você.
Esse é meu jardim florido, minha floresta desabitada. O maior que eu posso ter. É tudo que há entre mim e você.
Isabela Moraes
29/10/09