sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Femme Fatale


Aquela fita vermelha no cabelo, balançando com o vento. Ela entra pelo portão e sutilmente impõe sua presença. Não posso evitar aceitar o convite para admirá-la. Tudo ao redor dela gira em torno da sua presença. Ela sempre foi um lenda pra mim. Ela quase não é real. E o único desejo que se passa em minha mente é tocá-la para provar pra mim mesmo que não é fantasia. No seu andar, suas curvas assumem um contorno divino com o sol fazendo-se de holofote pra ela passar. Lamento ser um simples mortal. Ela jamais olharia pra mim. Mas de relance, com o canto dos olhos, ela olhou. Mas não por muito tempo. Deve ter se dado conta da minha cara de idiota, enquanto fico pasmo com toda a sua beleza. Me dou conta da realidade, e ela está vindo na minha direção. Me recomponho. Balanço a cabeça de olhos fechados tentando acordar. Mas ao abrir, ali está ela, com seu sorriso malicioso, provavelmente já acostumada a ser confundida com um sonho. E ri dos idiotas que caem aos seus pés, como eu. Meu coração bate mais rápido e eu preciso respirar depressa. Então sinto o cheiro de seu perfume como o de uma flor selvagem e venenosa que usa dos sentidos da presa para atraí-la. Conseguiu tudo o que quis. E pode fazer de mim o que quiser. Sou um boneco nas suas mãos, só querendo te divertir enquanto você me usa. Me fez sentir o homem mais realizado, e o menor das partículas de poeira no chão em poucos minutos. Ela me varreu por dentro. Como um furacão inesperado. Me fez de bobo e me fez sentir vivo. E ela apenas continua seguindo. Com o vento. No balanço do quadris que acompanham o movimento da fita vermelha. Uma mulher fatal.

Isabela Moraes

" Ela é só uma pequena provocadora
Veja o jeito que ela anda
Escute o jeito que ela fala "

Velvet Underground - Femme Fatale


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