segunda-feira, 14 de junho de 2010

Meu inverno

Vai muito além do frio congelante que os termômetros medem. É algo nunca sentido antes, algo que me deixa inquieta, ansiosa, muda e trêmula. Nada faz passar esse mal-estar, já consultei médicos e bulas, mas os sintomas não são descritos por nenhum livro, nenhuma ciência. Fiquei deitada, olhando pro céu, enquanto um fino espectro de luz atravessava a janela e esquentava as minhas mãos. De alguma maneira eu podia sentir meu corpo inteiro sendo envolvido por algo que parecia você, algo sublime e denso, quente, que permaneceu em mim até que eu senti o gosto da lágrima salgada umedecendo meus lábios ressecados pelo frio ou pela falta dos seus beijos. Suas perguntas, que eu nunca respondi, fazem falta. Teus passos vindo na minha direção no meio da madrugada, pedindo abrigo para passar a noite, agora são apenas um silêncio devastador. Nenhum cobertor te substitui. Nenhum outro corpo é teu corpo, por isso nenhum outro corpo me faz bem. Eu sempre terei o teu cheiro no meu pijama, tuas roupas jogadas pelo chão e algumas fotos antigas. E se você nunca mais voltar, eu vou ficar aqui, presa na parede como um quadro, mantendo a cena intacta, porque não quero ver o tempo passar, não sem você.

Isabela Moraes
14/06/2010

O que me congela é não ter mais você.

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