quarta-feira, 21 de julho de 2010

A Certeza

Eu não tenho certeza. Alguém poderia comprar pra mim? Onde encontro essa tal de sabedoria, que supostamente me faria reconhecer o que é verdade e o que é mentira, quando estou enganada, quando estou certa. Dúvida eu tenho. Até me sobra. Talvez possa trocar um punhado de dúvidas por algumas certezas. Mas acho que ninguém vai querer trocar. Acho que ninguém quer ter uma coisa tão abstrata. Duvidar é saber que não se sabe. É ter certeza de que sua única certeza é não poder confirmar nada. Isso é triste. Ou talvez seja bom. Dizem que o sábio nunca tem certeza de nada. Afinal, certeza absoluta mesmo ninguém tem. Mas eu aceitaria uma imitação mais barata. Uma versão com menos vantagens, menos recursos. Tudo que eu queria é poder dizer a alguém, sem titubear, sem medo de me descobrir errada depois, queria dizer com a alma, queria reconhecer, e ver a verdade dos meus sentimentos. Ser humano descontente. Que triste não gostar do que tenho, desdenhar, querer o que não posso ter. Gastar meus sonhos com uma bobagem dessas. Certeza. Coisa que morre com a gente, não pode ser deixada de herança pra ninguém. Por outro lado o incerto está se oferecendo pra mim. Mas eu queria o que sei que não posso ter. Não cabe no meu orçamento. Tenho tanto a fazer. Não sobra tempo pra juntar tudo que tenho e transformar em certeza. Melhor esquecer disso. Deixar pra lá. Já tenho uma certeza. Tenho certeza de que tenho muitas dúvidas.

Isabela Moraes
20/07/2010

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