Acordei e fiquei feliz ao notar o sol que iluminava meu quarto, tingindo tudo com um tom alaranjado. Sorri e pensei que este seria um dia ideal para um de nossos passeios. Ah, como eu adoro teus sorrisos, tua alegria, quando passeamos pelo parque nessas manhãs felizes. Pensei em ir ao teu quarto te chamar, e quando calçava os chinelos, me dei conta da verdade e desabei em choro. Você não estaria lá. Teu quarto, ainda com os lençóis desarrumados sobre a cama, permanecia vazio, abrigando tuas coisas. Tuas roupas, teu cheiro, aquela foto que você tanto amava, teu cabelo sobre o travesseiro, tudo que lembra você, mas que não é você. Fui até lá, me arrastando, escorando nas paredes. A luz estava apagada, e a tua luminária estava acesa, desenhando luas, estrelas e nuvens de luz na parede. O que fazer com tua ausência? Nada disso traz você de volta, nem minhas lágrimas, nem minha dor, nem tentar me esforçar para não perder a lembrança do brilho dos teus olhos, da tua voz suave, dos teus primeiros passos. Perdi você. Naquela noite, em que você não voltou pra casa. Ou talvez antes. Não sei em que momento exato, você saiu de meus braços e eu soube que em algum momento você ia voar pra longe demais e eu não te alcançaria mais. Porque tua genialidade e tua aura iluminada eram demais pra este mundo perverso e desumano. Mas eu ainda preciso de você. Meu filho, diga quando vou te ver de novo, e viverei todos os meus dias esperando pelo momento de te cobrir de beijos e te colocar em meu colo. Sou uma mãe sem um filho. Sem um pedaço, que devia estar aqui, mas foi estraçalhado tão rápido que não notei a dor, apenas reparei no sangue e nas marcas do buraco cavado brutalmente em meu peito. Lembro de uma última batida que me tirou o rumo. A mesma que me tirou você para sempre.
Isabela Moraes
26/07/10
tão triste, tão lindo.
ResponderExcluirÉ, manolo. Isinha tá abalando.
ResponderExcluirIsinha...? Meu pai me chama assim.
ResponderExcluirMas obrigada.
Isinha u.u
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