
Outra noite mal dormida, outra palavra reprimida, outra angústia sentida, outro enjôo. Tudo gira, parado, abafado, garganta seca, olhos ansiosos, mãos trêmulas. Minha língua quer manter essas palavras escondidas, meu corpo inteiro quer mostrá-las. Estou vagando pelo caminho, voltando pra casa, tentando esmagar as paixões que carrego comigo. Estou de luto, e luto. Quebro tudo e depois pedaços ao chão, me reconstruo, e faço dos meus cacos a base da minha esperança de aprender a nunca mais me partir, mas eu sei que sou eu mesma que me quebro, me saboto, me consumo, me devoro, e não deixo sobrar nenhum sentimento. A paixão me preenche e então me esvazio. Dopada pelo fascínio, só me dou conta do abismo quando me arremesso dele e sinto o vento frio contra o meu rosto. Já não há muito a fazer. Fecho os olhos e espero dor, sei que ela vai chegar, e de alguma maneira que não sei explicar, quando chega me acalma. É mais difícil a espera do que agüentar a própria dor. E quando a dor passa, sinto as feridas se fechando, e já me acostumei com a textura das cicatrizes. Só me resta levantar e reaprender a andar sob o céu, sóbria. Sozinha.
Isabela Moraes
10/08/2010
Lindo, doloroso e muito familiar!
ResponderExcluirAprendi a me libertar dessa dor, não da melhor maneira, mas as vezes a dor é um bom remédio, o corpo cansa, o coração decide cansar também, só tens que ter o cuidado necessário para não esfriar.
Pois o frio sim seria uma dor irreparável!
Tuas linhas são lindas!!
Sobriedade não garante nada.
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