“ Deixe meu corpo frio, inerte e vazio. Não deixe nada nele. Arranque tudo que este carregou um dia, pois sua única carga deverá ser ele mesmo. Deixe que a carne se desfaça sob a terra, para alimentar a vida sobre ela. Fazendo o novo florescer, como apodrecimento do velho. Ou deixe que o pó ao qual retornarei repouse na superfície do mar, indo descansar em alguma profundeza escura e silenciosa, ou seguindo a correnteza em direção a algum lugar onde tudo descansa.
Deixe aos filhos que não tive minhas muitas palavras inúteis. E aos amores que senti, meus sonhos em vão. Deixe aos corações que parti meu coração parado. Deixe meu nome escrito em alguma árvore, meu rosto estampado em algum muro. Entregue a quem me amou alguma foto que me retrate da maneira como este se lembra de mim. Que todos possam perdoar minha covarde coragem de me entregar. Deixe agora que eu faça o que em vida jamais consegui. Calar.”
Deixe aos filhos que não tive minhas muitas palavras inúteis. E aos amores que senti, meus sonhos em vão. Deixe aos corações que parti meu coração parado. Deixe meu nome escrito em alguma árvore, meu rosto estampado em algum muro. Entregue a quem me amou alguma foto que me retrate da maneira como este se lembra de mim. Que todos possam perdoar minha covarde coragem de me entregar. Deixe agora que eu faça o que em vida jamais consegui. Calar.”
Isabela Moraes
14/08/10
14/08/10
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