
Um sol. E não brilha. Até esquenta, mas só o coração. Um lá. Meio distante, baixinho. Tímido, esse lá. Um fá, difícil. Doloroso, apertado. Um si, que eu ainda não sei se vou conseguir. Um mi, bonito. Fácil. Um dó. Que aperta o coração. Que faz a cabeça doer. Um ré. Que me levou de volta àquele dia, onde aprendi certo do jeito errado.
Passo o dedo pelas cordas e aprecio. E gosto disso. Ele encostado em meu colo, fazendo sons felizes, e eu curtindo isso. Olho para ele com um amor diferente. Sei que tenho muito a aprender com ele. Quero saber mais sobre ele.
Encosto o rosto na madeira dura e quente. Posso sonhar com seu som. E ele nem é meu, mas gosto muito dele. Paro para admirá-lo. Posso ver meus grandes olhos refletidos nele. Fiz sacrifícios, mudei por ele. Só para dominar melhor sua arte. Ele agora receberá minha atenção todos os dias.
Outra vez corro os dedos nele. É a primeira vez que tenho um contato tão íntimo com algo do tipo.
Ficamos na calçada sozinhos apreciando o som que se espalha. Eu e o violão. Sem essa de barzinho. Sem essa de banquinho. Nenhuma voz. Só a minha alma inclinada à sua.
Isabela Moraes
08/11/09
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