A Dança

Seus braços estavam enrolados no meu corpo paralizado, e eu olhava pra sua camisa meio desabotoada. Sentia seu coração batendo acelerado. Tudo se movia muito rápido, as luzes piscando, seus olhos brilhando pra mim. Eu ia contra as suas vontades, me mantendo quieta. Você não sabe que eu queria apenas observar você se divertindo. Assim me divirto.
E não faz nenhum sentido estarmos juntos. Sua alegria bate no meu bloqueio emocional e não faz nenhum efeito sobre meu mal-humor. Suas frases engraçadas jogadas as vento voltam pra você como mais uma das minhas patadas. E toda sua leveza é anulada pelo peso que carrego no meu semblante. Eu juro que queria ser seu par perfeito. A mulher da sua vida. Mas não sei até quando você ainda vai ser gentil e levar numa boa o fato de que eu não sou a melhor pra você. Fico segurando o meu coração, bem apertado, que é pra ele se acostumar. Eu sei que um dia, cedo ou tarde, você vai ver. E aí, eu não terei mais a felicidade do seu sorriso só querendo me fazer sorrir. Eu não terei mais você do meu lado. Mas eu quero vê-lo sorrindo enquanto o momento não chega. E não sei por quanto tempo você vai sustentar esse riso tendo que olhar pra minha cara emburrada. Sinto muito. Me escondo no escuro enquanto espero. Mas a noite não sobrevive ao brilho do sol. O meu céu escuro não vai suportar o seu brilho. E quando tudo ficar claro, eu vou acordar sem você do meu lado. Você não vai me amar quando acordar pela manhã. Só me restará aproveitar enquanto posso ter o brilho do sol, e no final me contentar com a escuridão.

Isabela Moraes
08/01/10