
Não conseguia dormir. Acordava durante a madrugada com frio e precisando do seu corpo quente. Meus sonhos eram perturbadores, meu corpo estava inquieto, bagunçando e revirando os lençóis sobre mim. Meu travesseiro já não podia mais conter minha cabeça e acabei por me esconder encolhida no meio da cama. Sem lençol, travesseiro ou pelúcia. Somente minhas mãos escondendo meu rosto molhado. Talvez fosse sua ausência física, ou talvez sua presença como uma névoa suspensa sobre mim. Algo me incomodava e causava uma dor, e eu me sentia vazia. A dúvida. O questionamento. A luta contra a resposta. Não sou capaz de dar nenhum passo a frente, minhas pernas tornaram-se muito fracas para tomar um caminho. Mas sou obrigada a me manter de pé. Encarando os rostos que habitam minhas dúvidas. Perdoe minha mente leviana, mas ela abriga outros personagens. E tece uma história da qual nunca sairei ilesa. Todas as coisas que eu disse estão embaralhadas e tentando me desconcentrar. Procuro em meio à bagunça o meu erro. Sei que em certo ponto me deixei envolver e depois dali me perdi num emaranhado de sentimentos e sensações que não sei resolver. Como se não conhecesse meus próprios sentimentos. Como se meu corpo trabalhasse contra o meu coração. Expulsando-o. Só sei de umas coisas estranhas, que não fazem sentido pra mais ninguém. Minhas complicações.
Não te desejo. Não sinto paixão queimando, como fogo queima pólvora. Mas a todo instante tenho vontade de correr pros seus braços e te envolver no meu abraço, te apertar contra meu peito até que você transpasse minha carne e ocupe o vazio, o oco onde meu coração batendo rápido é a única coisa presente. E lá, onde não posso fugir de mim mesma, lá onde tenho que encarar minhas verdades, paira no ar a sua pergunta, e no chão, os cacos do meu medo da resposta, refletindo seu olhar de espera. Não sei se temo a recíproca, ou se temo a decepção. Meu medo é porque corro um risco maior de te perder. Não importa se eu disser que sim, ou se eu disser que não.
Isabela Moraes
27/02/2010
Você me disse que eu sou petulante, né?
acho que sou sim, viu?
como a água que desce a cachoeira
e não pergunta se pode passar
você me disse que meu olho é duro como faca
acho que é sim, viu?
como é duro o tronco da mangueira
onde você precisa se encostar
você me disse que eu destruo sempre
a sua mais romântica ilusão
e destruo sempre com minha palavra
o que me incomodou
acho que é sim
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?
como fere e faz barulho o bicho que se machucou,viu?Oswaldo Montenegro - Todo Mundo é Lobo Por Dentro (Petulante)
"Mas a todo instante tenho vontade de correr pros seus braços e te envolver no meu abraço, te apertar contra meu peito até que você transpasse minha carne e ocupe o vazio, o oco onde meu coração"
ResponderExcluirVenha com menos voracidade por favor. Vai acabar me esmagando =)
O texto é lindo. Um beijo amiga, te amo.