quarta-feira, 19 de maio de 2010

Aos pais


Não posso falar e não posso esconder por muito tempo. Às vezes fico confusa, às vezes sei exatamente o que quero. Ouvir aquelas palavras me assusta e me magoa. Não vejo muito a fazer a respeito. Há poucas maneiras de mudar a opinião dos outros. Nem consigo pensar na reação deles diante da verdade. Talvez fiquem tão assustados quanto eu. Talvez não entendam. Quase com certeza julgarão, com seus próprios critérios, com seus pontos de vista, suas regras, suas leis, seus costumes. Repetirão a frase que outrora ouvi, quando sem perceber, comecei isso tudo. Se arrependerão de perguntar, pois a resposta será como um cuspe na cara, rápido e cruel. Pra mim tanto faz. Quem pergunta quer saber, e responder ou não, não muda a verdade. Perguntarão quem é culpado. Tentarão concluir as conversas. Tentarão desconversar, me fazer mudar de idéia. Apontarão meu erro, apontarão o dedo. Esquecerão de apontar o caminho. Lembrarão de momentos, que na verdade, nem foram tão importantes, mas que interpretarão como um sinal. Levantarão as mãos aos céus, perguntarão por quê. Passarão noites em claro. Estarão desperdiçando tempo, gastando saliva e cansando à toa. O que podiam fazer por mim, fizeram. Só não viram a tempo o que estava acontecendo. Não pouparam minhas dúvidas das suas opiniões cruéis. Não adequaram os seus planos às mudanças que eu quisesse fazer. Só se decepcionam os que esperam que os outros sejam iguais a si próprio.
É uma situação diferente. A filha vai ensinar aos pais.

Isabela Moraes
21/02/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Passo a Passo de um Coração Partido

  Me despedir de Você Me despir da esperança de ser tua Me despejar em mim Me deitar nua Mas não ao teu lado Você fugiu Você fingiu Você fic...