domingo, 11 de julho de 2010

Do portão pra fora


Todas as tardes e algumas manhãs, entre os muros daquela escola, velha e por onde tantos já passaram, nós passamos os dias de uma etapa de nossas vidas que em breve irá passar. As cores agora são tão intensas, mas o tempo vai fazer tudo desbotar. Estamos aqui agora, mas isso não é pra sempre, tem prazo pra acabar, mas a validade é indefinida, se lutarmos por ela. As conversas são gritadas, interrompidas por risadas fora de hora, rompantes de histeria, choros inexplicáveis. Nossas descobertas são tão inesperadas, tão reveladoras, são guardadas em segredo, são contadas imediatamente a todos, são ignoradas. As provocações não tem fundamentos, e assim as brigas também não. As amizades não são as mais convenientes, mas serão provavelmente as mais verdadeiras de nossas vidas. As decisões são tomadas impulsivamente, e algumas vezes nos arrependemos, mas essas são as decisões que provavelmente vão dar rumo às nossas vidas. Vai passar, tudo isso, a euforia, o gosto, esses rostos, a intensidade, as paixões, as palavras. Mas peço que fiquemos aqui mais um instante, e olhemos para estes bancos, essas paredes, essas portas, essas flores. Fomos parte disso uns dias. Era tudo que tínhamos. Éramos nós, sentados naquele pátio, olhando para aquela mesma paisagem, aquele mesmo pôr de sol, mesmos sons confusos, mesma adolescência compartilhada todos os dias. Agora está acabando. Sigamos sem esquecer dos dias aqui dentro. Sem nos esquecer vivendo nossa vida fora desses portões.

Isabela Moraes
11/07/2010
Eu amo vocês.

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