quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Só por uma noite

Já havia algum tempo que estávamos nos entreolhando de longe. Era tudo tão confuso e escuro. As luzes piscavam, as pessoas se mexiam. Ela me puxou pela mão e me levou pra outro lugar. Parou de repente e se colocou à minha frente. Sussurrou qualquer coisa no meu ouvido. Não me importava muito. De alguma maneira gostava dela e sabia que não me faria nenhum mal. Nossos corpos ferviam e não se desgrudavam mesmo fazendo todos aqueles movimentos, nossas mãos corriam, nossas mentes flutuavam. Aquele momento era tudo que tínhamos, não tínhamos futuro, abandonamos o passado. Não significávamos muito. Apenas nos permitíamos sentir o que nos fosse oferecido e proporcionado. Éramos passionais. Cegamente sendo levadas por emoções efêmeras e intensas. Facilmente influenciadas pelos sentidos. Talvez por isso, tenha sido seu cheiro, sua roupa atraente, seu olhar raso, seu corpo vibrante, algo físico, que tenha me levado a querer sentir sua alma densa e solitária. Como se algo na beira da praia me fizesse mergulhar e nadar até o fundo do mar sombrio numa noite de névoa. E agora não sei nada. Nem seu nome. Só tenho minha roupa suada e a lembrança do teu corpo nu preso ao meu, a sua forma sobre os lençóis amarrotados. Seus passos enquanto você ia embora.

Isabela Moraes
17/07/2010

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