Fico aqui, desejando chuva, para limpar tudo, lavar minha alma, sujar minha cara. Ansiando que algo venha e leve embora meus pecados, lavados com o suor sujo dos momentos em que não me controlo e transbordo ardendo de desejo, tropeço e caio na lama dos meus pensamentos. Preciso de algo que derrame qualquer coisa nova sobre mim, para me fazer chorar, colocando para fora as mágoas passadas que não querem me abandonar.
Sinto falta das gotas nas folhas das árvores sob as quais me escondo. Sinto falta daquele silêncio abafado que paira no ar, que permanece enquanto respiramos ofegantes tentando correr contra o tempo e contra a chuva que sabemos que cairá sobre nossas cabeças vazias. Abro a janela tantas vezes durante a noite, querendo ver se alguma gota caiu do céu, mas é só o vento fazendo barulho para me manter acordada. Sinto o ar seco entrando nos meus pulmões como terra, sinto o calor salgado do sol. E é sempre quando sinto essa saudade de algo, que percebo o quanto gosto da sensação que me proporciona. Chuva é sinal de renovação, de reinicio de ciclos, de vida que nasce do que era seco.
Queria um temporal, para me dissolver. Para me encharcar, me fazer chuva e me levar até você.
Muitas perguntas
Que afundas de respostas
Não afastam minhas dúvidas
Me afogo longe de mim
Não me salvo
Porque não me acho
Não me acalmo
Porque não me vejo
Percebo até
Mas desaconselho...
Espero a chuva cair
Na minha casa, no meu rosto
Nas minhas costas largas
Enquanto durmo - Zélia Duncan
Ainda bem que choveu.
Isabela Moraes
18/08/2010
Nenhum comentário:
Postar um comentário