
É como se você fosse um rio de águas turvas que não me permite ver com clareza nada além da superfície. E eu fico parada deixando-me ficar completamente inundada de você. Me deixo levar por sua correnteza. Só queria ver o que está escondido nas suas profundezas. Tento mergulhar para ter mais de você. Você me prende e me deixa sem fôlego, submersa em você. Não me importo tanto, pois o ar já não me liberta. E eu quero ser livre pra me prender a você. Poder gastar todo o meu tempo desbravando-te.
Seria tão mais fácil se você me mostrasse o que sua fosca superfície tenta esconder... porque de um jeito ou de outro, você sabe que não pode me evitar.
Me perdoe as dúvidas. Eu insisto em hesitar. Mas tenho medo de ser a peça principal de mais um de seus jogos. Talvez eu seja a rainha imóvel, esperando para ser derrubada. Talvez eu seja apenas uma das damas que você se diverte devorando. Não há garantias de que você não vai enjoar de mim. Como enjoou de outras antes. Tenho a sensação de que quando eu estiver chegando perto do ponto mais claro de você, você vai me empurrar de volta à superfície. Mas boba que sou, ficarei à margem, acompanhando enquanto você corre e apenas passa por mim. Ficarei apenas preparando teu leito, pra te confortar.
Isabela Moraes
19/12/09
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